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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Túmulos destruídos deixam ossadas a céu aberto em cemitério de Itu, SP

O cenário é de devastação, ou mesmo de filme de terror. No cemitério São José, que fica dentro do Hospital Dr. Francisco Ribeiro Arantes, em Itu, praticamente não há túmulos inteiros. O cemitério existe desde a década de 1930, quando o hospital, conhecido como hospital-colônia Pirapitingui, foi inaugurado e passou a operar como um dos maiores leprosários do Brasil. A destruição do cemitério, causada pela ação do tempo e pelo vandalismo, deixa crânios e outros restos mortais a céu aberto.

Ao chegar ao Pirapitingui, a impressão é de se está entrando em um condomínio fechado. Na portaria, há vigias, mas a cancela é mantida aberta. Como existem mais de 200 pessoas vivendo no local – a maioria descendentes de doentes, o  volume de visitantes é grande. É a zeladora quem orienta a reportagem sobre como chegar ao cemitério São José, onde estão enterrados centenas de ex-pacientes. Pelo trajeto, ruínas de grandes estruturas hospitalares e de convivência hoje abandonadas. Na época em que o Pirapitingui surgiu, portadores da hanseníase eram internados compulsoriamente por agentes de saúde para evitar o avanço da doença. Quando morriam, eram enterrados na área da unidade de saúde.

O portão do cemitério é de madeira, com uma corrente sem cadeado fechando-o. Ao entrar, é fácil perceber o abandono. Cacos de esculturas de santos estão pelo chão e as tampas dos túmulos estão quebradas. Em várias delas é possível encontrar crânios, ossos do fêmur, tufos de cabelo e restos de caixões.

O vandalismo parece ser responsável pela maior parte dos danos, mas em alguns casos é nítido que invasores violaram seputuras à procura de objetos de valor, como dentes de ouro. Nestas, tijolos foram retirados, abrindo buracos por onde é possível passar o corpo de uma pessoa adulta.
Uma funcionária do hospital, que pediu para não ser identificada por temer represálias, afirma que quem pode, retira a ossada dos falecidos do local. "Famílias com mais dinheiro já levaram as ossadas de seus entes queridos para outros cemitérios. Esse clima de abandono espanta as pessoas. É raro aquelas que ainda visitam seus mortos. Acho que a dor por encontrar essa situação é tamanha que elas preferem nem voltar. Ver uma flor nova sobre uma das sepulturas é algo muito raro", afirma.

O G1 tentou contato com a diretoria do Pirapitingui neste sábado (26), mas foi orientado a procurar a assessoria de imprensa do Governo do Estado, responsável pela administração do hospital. Na capital, ninguém foi encontrado para falar a respeito.

No começo do ano a Secretaria de Estado chegou a informar que havia um projeto para que toda a estrutura do hospital fosse transferida à prefeitura de Itu, que poderia transformar o local em um bairro, mas até agora a iniciativa não saiu do papel.
Fonte: G1

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