"A tentativa do Cremesp de forçar o descredenciamento dos médicos
conveniados a funerárias sobrecarregará o Sistema Único de Saúde (SUS)",
diz Arany Marchetti, diretor da Ossel, de Sorocaba. "Nossa clientela não
tem condições de migrar para planos".
Segundo ele, a empresa contata os médicos e oferece o serviço às
famílias que aderem ao plano funerário. "Temos 80 mil famílias
associadas, um universo de 500 mil pessoas. Centenas de médicos aceitam
nosso cartão". Grandes hospitais, laboratórios e clínicas também são
parceiros.
Marchetti disse que muitos médicos foram notificados e estão deixando
de atender. "É lamentável, porque é um acordo bom também para eles. Em
vez de receberem R$ 30 do plano de saúde, recebem R$ 75 do nosso
associado". Para Marchetti, a pressão parte dos planos.
A funerária Ofebas, também de Sorocaba, lançou o plano Pro-Family há
15 anos e soma 12 mil associados. O plano inclui descontos de até 50% em
hospitais, médicos, dentistas, clínicas e laboratórios. "Entramos em
contato com o Cremesp, mas não tivemos retorno. Não estamos fazendo nada
ilegal", diz a gerente Elizabete Cristina Silveira.
O pediatra E.S.J. recebeu a notificação para se descredenciar do
Pro-Family. Ele afirma que continuará dando o desconto para os que já
são clientes. "Eles pagam 50% do valor da consulta particular, mas à
vista. O plano de saúde não paga nem 20% e ainda demora".
Uma funcionária do Grupo Flamboyant, de Campinas, que não quis se
identificar, disse que a empresa vem descredenciando os médicos conforme
orientação do Cremesp. Cerca de 80% já teriam se desligado. Antes, 380
profissionais trabalhavam em parceria com o plano funerário.
Ricardo Sabanae, administrador do Família Excel, afirma que a empresa
pode ofertar serviços de assistência à saúde sem ter o registro na ANS
por ser uma cooperativa. "Quem adquire um plano se torna um cooperado e
paga uma mensalidade em torno de R$ 12 e depois uma média de R$ 40 por
consulta." Mas Sabanae reconhece que, com o baixo valor da mensalidade, a
empresa não pode oferecer cobertura integral. "Cobre apenas consultas e
exames".
Rosana Chiavassa, advogada especialista em defesa do consumidor, diz
que esse tipo de serviço poderia existir para setores que não tenham
regulamentação própria. "Podem vender planos de desconto em salão de
cabeleireiro e petshop. Mas há regras próprias para planos de saúde e
elas têm de ser cumpridas."
Procurados, a Organização Campo Santo e o Grupo Athia não responderam.
Por: JOSÉ MARIA TOMAZELA, TATIANA FÁVARO e K.T.
Fonte: FUNERÁRIANET
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