Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Esse tipo de propaganda é apontado como um dos
principais responsáveis pela venda, no período de um ano, de 1,7 mil
microsseguros de vida pelo Banco Palmas, instituição financeira
comunitária que funciona em um conjunto habitacional de Fortaleza onde
vivem 30 mil pessoas. Uma das primeiras experiências de venda desse tipo
de seguro (voltado para pessoas de baixa renda), o banco do Conjunto
Palmeira é considerado um sucesso no país e foi apresentado na 7ª
Conferência Internacional de Microsseguros, realizada na semana passada
na capital fluminense.
De acordo com o diretor do banco, João Joaquim Melo, que opera o
projeto junto com a seguradora multinacional Zurich, a marca de 1,7 mil
microsseguros pode parecer pequena, mas significa que 5% dos moradores
de Palmeira compraram uma das duas modalidades de seguro disponíveis. A
mais cara, de R$ 35, oferece cobertura de R$ 3 mil, assistência funeral
de R$ 1 mil, além de um plano de capitalização mensal de R$ 5 mil. A
outra, que foi lançada em outubro e já vendeu cerca de 700 apólices por
R$10, dá direito a indenização de R$ 300 e funeral de até R$ 700.
A aposentada Maria Pereira, de 65 anos, está entre os que adquiriram
o microsseguro de R$ 35. Ela ficou sabendo do produto pela nora e se
convenceu de que era uma forma de deixar tudo pronto "no caso da
partida". "Não quero que eles [família] se preocupem comigo. É melhor
deixar tudo arrumadinho", disse a precavida aposentada. Já a
vendedora Liliane Gomes Vieira, de 23 anos, que comprou o seguro de R$
10, incentivada por uma corretora, revelou preocupação com os três
filhos. "Se me acontecer algo, minha mãe tem uma ajuda inicial para
cuidar deles", declarou.
Explicar o que é o microsseguro para os moradores é um dos
principais desafios dos corretores, diz Joaquim Melo. É preciso
convencer as famílias aos poucos: "as pessoas não têm o hábito. O pobre
tem medo, acha que vai morrer e alguém ficará com o dinheiro dele." Com a
"desmistificação" e a recém-concluída informatização da emissão das
apólices para os segurados de 15 bancos comunitários parceiros, Melo
estima que as vendas do seguro aumentem em 2012, podendo chegar a 10 mil
microsseguros no fim do ano que vem.
Parceira do banco comunitário, a seguradora Zurich evita fazer uma
projeção, mas também é otimista em relação ao microsseguro. Na Cidade de
Deus, comunidade de 50 mil habitantes na capital fluminense, onde a
parceria com o Palmas começou recentemente, o gerente comercial da
multinacional, Felipe Cristóvão, fala em "um número satisfatório", se as
vendas crescerem na mesma proporção que em Fortaleza. "Em Palmeira, com
30 mil, pessoas são 250 seguros por mês", diz.
A diretora executiva da Confederação Nacional das Empresas de Seguro
(CNseg), Solange Beatriz Mendes, confirma que o mercado de microsseguro
está em expansão com a melhoria da renda das classes C e D, mas reforça
que o boca a boca é indispensável. Ao narrar uma experiência na
comunidade Santa Marta, no Rio, que envolveu 17 seguradoras e um
estratégia de conscientização, conta que a procura aumentou depois de
uma pessoa da comunidade receber uma apólice.
"Lamentavelmente, houve um sinistro nessa comunidade e o fato de o
beneficiário ter recebido a indenização motivou várias pessoas a
procurarem o produto", acrescenta Solange Beatriz. Para ela, assim como
ocorre com qualquer outro produto, é preciso enfrentar a falta de
conhecimento do público.
Edição: Nádia Franco
Fonte: AGÊNCIA BRASIL
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