Trabalho de arquiteto chama atenção para o descaso com lápides que deveriam ser preservadas no cemitério São João
Autor de um trabalho de conclusão de curso de graduação no qual identificou nada menos que 1.035 sepulturas com interesse para preservação no Cemitério de São João, situado em Adrianópolis, Zona Centro-Sul, o arquiteto Humberto Barata, 42, está chamando a atenção para as ameaças à preservação de algumas dessas sepulturas. Em visita recente à quadra 6, ele verificou que sepulturas como a de dona Joanna, toda pintada com tinta esmalte, apesar de ser de mármore. Outra, também importante pelo valor artístico, virou depósito de material de limpeza.
“Uma
tinta esmaltada foi passada na lápide da sepultura de dona Joanna,
provavelmente para retirar o excesso de um pincel. Já a capela
pertencente à família do Dr. Lauro Cavalcante, além de estar toda
manchada com tinta esmalte azul na parte externa, virou depósito de
material de limpeza”, lamentou.
O
arquiteto indica a procedência do mármore usado para construir a
escultura de dona Joana, de Carrara, da Itália e o escultor, A. Frazoni,
no ano de 1914, para chamar a atenção para o valor artístico e cultural
da peça.
DEPÓSITO PARTICULAR
O
olhar mais apurado de Humberto para o Cemitério de São João o levou a
observar que outra sepultura de valor artístico, do Dr. Luiz Carvalho,
também em mármore que, além de virar depósito de equipamento dos
zeladores e construtores de sepulturas e está pintada com tinta azul
derramada sobre o portão. A “ocupação indevida e o vandalismo” é mais
lamentável, na visão dele, porque a arte empregada em alguns túmulos,
principalmente naqueles erguidos nos primeiros tempos da utilização
desses espaços, os tornam verdadeiros pontos turísticos. Em países como a
Argentina, alguns cemitérios são pontos turísticos e fonte de renda
para o município.
Ao lembrar que a
Câmara Municipal já aprovou um Plano Diretor dos Cemitérios de Manaus no
final da gestão passada, Humberto dá-se ao direito de sonhar. Ele
acredita na possibilidade de Manaus ter o “Museu a céu aberto do
Cemitério Municipal de São João” que, por uma bela coincidência, está no
roteiro turístico de visitação da cidade, praticamente colado ao
Reservatório do Mocó, um dos quatro bens do Estado tombados em nível
federal pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan). “Não se pode perder essa chance”, assegura.
Fonte: A CRÍTICA
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