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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Manaus: Sepulturas estão ameaçadas

Trabalho de arquiteto chama atenção para o descaso com lápides que deveriam ser preservadas no cemitério São João


Autor de um trabalho de conclusão de curso de graduação no qual identificou nada menos que 1.035 sepulturas com interesse para preservação no Cemitério de São João, situado em Adrianópolis, Zona Centro-Sul, o arquiteto Humberto Barata, 42, está chamando a atenção para as ameaças à preservação de algumas dessas sepulturas. Em visita recente à quadra 6, ele verificou que sepulturas como a de dona Joanna, toda pintada com tinta esmalte, apesar de ser de mármore. Outra, também importante pelo valor artístico, virou depósito de material de limpeza.

“Uma tinta esmaltada foi passada na lápide da sepultura de dona Joanna, provavelmente para retirar o excesso de um pincel. Já a capela pertencente à família do Dr. Lauro Cavalcante, além de estar toda manchada com tinta esmalte azul na parte externa, virou depósito de material de limpeza”, lamentou.

O arquiteto indica a procedência do mármore usado para construir a escultura de dona Joana, de Carrara, da Itália e o escultor, A. Frazoni, no ano de 1914, para chamar a atenção para o valor artístico e cultural da peça.

DEPÓSITO PARTICULAR

O olhar mais apurado de Humberto para o Cemitério de São João o levou a observar que outra sepultura de valor artístico, do Dr. Luiz Carvalho, também em mármore que, além de virar depósito de equipamento dos zeladores e construtores de sepulturas  e está pintada com tinta azul derramada sobre o portão. A “ocupação indevida e o vandalismo” é mais lamentável, na visão dele, porque a arte empregada em alguns túmulos, principalmente naqueles erguidos nos primeiros tempos da utilização desses espaços, os tornam verdadeiros pontos turísticos. Em países como a Argentina, alguns cemitérios são pontos turísticos e fonte de renda para o município.

Ao lembrar que a Câmara Municipal já aprovou um Plano Diretor dos Cemitérios de Manaus no final da gestão passada, Humberto dá-se ao direito de sonhar. Ele acredita na possibilidade de Manaus ter o “Museu a céu aberto do Cemitério Municipal de São João” que, por uma bela coincidência, está no roteiro turístico de visitação da cidade, praticamente colado ao Reservatório do Mocó, um dos quatro bens do Estado tombados em nível federal pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Não se pode perder essa chance”, assegura.
Fonte: A CRÍTICA

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